domingo, 24 de fevereiro de 2013

A pedra na árvore

      As primeiras gotículas de chuva caiam naquela tarde de quinta feira e faziam um 'tec, tec' no telhado de uma pequena casa de barro. O telhado, se é que podia ser chamado de telhado, apresentava pequenas fendas onde podia passar as gotas da chuva que caiam dentro da casinha, as janelas eram apenas buracos cobertos com talas de madeiras, junto a uma cortina feita de flanela e a porta era um amontoado de tabuas velhas de madeira, pregadas umas as outras a pregos enferrujados. A casa era tão miserável  quanto os seus donos: Um casal com cinco filhos, e um cachorro velho. O mais velho dos filhos era um jovem alto, de cabelo ruim. E o mais novo, uma criancinha de três anos.

       Naquele dia de chuva, as crianças saberiam  o que iria acontecer. Se a chuva continuasse e ficasse forte, a ventania levaria o telhado, derrubaria uma árvore e aquela familia miseravel teriam de enfrentar novamente o diluvio. Não havia o que fazer, não havia dinheiro nem para comprar comida, e muito menos para reparar os danos do casebrinho.

       O casal com cinco filhos na velha casa de barro trabalhavam numa lavoura perto dali. Uma lavoura de um pequeno fazendeiro ruim que mal pagava seus funcionarios. E trabalhavam colhendo milho na terra que servia para sustento do fazendeiro. E fazia sol, e chovia. E continuavam trabalhando, outrora colhendo milho, outrora carregando as sacas para a pequena cidade que  ficava longe da fazenda. E naquele dia de chuva, os país das crianças estavam trabalhando na fazenda e ja  deram por sí da chuva que ia cair.

      E voltaram correndo para casa, mas quando chegaram a chuva ja havia desabado do céu com rajadas de vento forte. A casa ruía no diluvio, as crianças amontoadas no beiral da porta, chorando. E foi em segundos que se ouviu um estalo forte, e depois um baque no fundo da casa. Uma grande árvore que ficava ali próxima tinha caído  no quintal do casebrinho de barro. As crianças se jogaram para fora, sujas de terra, molhadas pela chuva e pelas lagrimas que derramavam. 

'Um, dois, três, quatro...' mentalmente, a mãe das crianças cotavam. E faltava um filho. O mais novo.
O cachorro latia aos prantos, e a mãe berrava enlouquecida apontando para a casa. Seu filho mais novo, o pequeno de três anos, estava la dentro da casa destruida. 


E passaram alguns segundos ate a criança sair correndo com uma enorme bolsa no colo, sorrindo feito ninguem.
     
A mãe aos prantos agarrou o filho no colo, vendo a casa derreter na chuva. 
Quando foi noite, a chuva havia cessado e então abriram a bolsa que o pequeno trazia. Era velha bolsa de couro que fedia a mofo. Abriram.

E logo se depararam  com uma pedrinha brilhante e transparente.
-Onde encontrou isso meu filho? perguntou a mãe
-Debaixo de uma árvore.-respondeu o filho
- De que árvore?

Ele suspirou tristimente.
- Daquela que caiu na nossa casa.

E aquilo era um diamante. Que pagara uma nova casa para a familia. E que dele, provinieram outros. 

E foi a coragem do menino trouxe a felicidade novamente para a familia.